1578 A Batalha de Alcácer-Quibir


Batalha de Alcácer-Quibir (1578), Museu do Forte da Ponta da Bandeira, Lagos, Portugal. A imagem mostra o detalhe da única representação conhecida da batalha de Alcácer-Quibir publicada por Miguel Leitão de Andrade na obra "Miscelânea" (1629): nele está ilustrado o exército português, numericamente inferior, prestes a ser cercado pelas forças islâmicas.


A batalha de Alcácer-Quibir em 1578, também conhecida pela batalha dos três reis, provocou, além das muitas mortes em combate e da morte do próprio rei D. Sebastião, talvez a maior catástrofe que, desde sempre, aconteceu a Portugal.

A pedido de Mulay Mohammed, que a toda a força queria recuperar o trono que seu tio Abu Marwan Abd al-Malik I Saadi lhe havia tomado, D. Sebastião, apenas com 24 anos de idade, resolveu prestar essa ajuda contra a vontade de sua mãe e do seu tio, o Rei Filipe II de Espanha e mandou preparar um exército para atacar Abu Marwan, entre Tanger e Fez.

Em causa não estava somente a ajuda ao seu aliado, mas também a oportunidade de Portugal vir a retirar dividendos de uma possível vitória.

Do lado português, além do próprio D. Sebastião, estavam o sultão Mulay Mohammed e seus homens, acompanhados de 15,000 a 23,000 portugueses e outros europeus (600 voluntários italianos e 2.000 espanhóis, 3.000 mercenários alemães e valões). E entre 3,000-6.000 aliados mouros.


Do lado do sultão de Marrocos Mulei Moluco, estavam forças otomanas e marroquinas num total de 60.000 mil homens.

A 4 de Agosto o
 exército marroquino avançou em uma ampla frente planeando cercar as fileiras de D. Sebastião. Era composto por 10.000 cavaleiros nos seus flancos tendo no seu centro mouros vindos de Espanha, os quais guardavam especial ressentimento pelos cristãos. Apesar de sua doença o Sultão Abd Al-Malik,  deixou sua liteira e liderou as suas forças a cavalo.


A batalha começou com ambos os exércitos trocando fogo de mosquetes e artilharia. Superior, em número, a cavalaria moura avançou cercando o exército português, enquanto as forças principais entravam em combate corpo a corpo. No centro da vanguarda do exército português, os experientes "aventureiros" comandados por Cristóvão de Távora avançaram com grande ímpeto provocando o recuo e a debandada da vanguarda mourisca. Para deter a debandada das suas forças, o debilitado Mulei Moluco
 monta o seu cavalo pela última vez e morre com o esforço momentos depois.




                
 D.Sebastião perante a derrota inevitável, recusa os conselhos de outros nobres para que se renda, tendo dito: "Senhores, a liberdade real só há-de-se perder com a vida". Os nobres que o acompanhavam a cavalo conformam-se em prosseguir o combate até ao fim, tendo D.Sebastião dito a estes: "Morrer sim, mas devagar!"

A batalha terminou após 4 horas de combate intenso com a completa derrota dos exércitos de D.Sebastião e Abu Abdallah Mohammed II Saadi com quase 9.000 mortos e 16.000 prisioneiros nos quais se incluem grande parte da nobreza portuguesa. Talvez 100 sobreviventes tenham escapado com custo. Abu Abdallah Mohammed II Saadi, aliado dos portugueses, tentou fugir ao massacre em que a batalha se convertera, mas morreu afogado no rio.


 O Sultão Abd Al-Malik (Mulei Moluco) também morreu durante a batalha, mas de causas naturais, uma vez que o esforço da batalha foi demais para seu estado debilitado. D. Sebastião por sua vez desapareceu liderando uma carga de cavalaria contra o inimigo e seu corpo jamais foi encontrado.


As consequências desta derrota foram terríveis para Portugal.
 Para pagar os elevados resgates exigidos pelos marroquinos, o país ficou enormemente endividado e depauperado nas suas finanças públicas e o rei não tinha descentes.


Finalmente havia que encontrar um herdeiro para o trono e apareceram vários pretendentes, mas foi Filipe II de Espanha, seu tio,  quem foi coroado em 1580 dando início ao período filipino que durou 60 anos.



El Kasr El-Kébir, Rio Lucos. Foi entre este rio e o rio Mekhazen que se deu a Batalha.

Perto de al-Kasr al-Kebir, numa aldeia denominada Suaken onde se deu a batalha e, provavelmente, enterrados os três reis, encontra-se um obelisco em memória de D. Sebastião e mais dois em memória dos outros dois reis. A batalha ainda hoje é conhecida em Marrocos como a "Batalha dos Três Reis".

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