terça-feira, 24 de março de 2015

Os barcos mais utilizados nos descobrimentos

Ao longo de toda a nossa vida escolar e mesmo depois de homens feitos e estudados, ouvimos falar nas caravelas dos descobrimentos portugueses mas, na verdade, para além das caravelas que ficaram na história por serem o meio de transporte mais eficaz para as longas viagens que começaram após a dobragem do Cabo da Boa Esperança, existiram outros tipos de barcos que as novas conquistas foram exigindo, com muito maior capacidade de carga e material de guerra.

Na verdade, existiram 6 tipos diferentes de barcos, cada um com características especiais, destinados ao ambiente em que tinham de se mover e ao tipo de carga que tinham de transportar,incluindo a célebre Carraca, inventada pelo engenho português e de que falaremos mais adiante.

                                                   Barca, Barcha, Barca Pescareza            



Este barco de boca aberta era usado em navegação costeira ou fluvial. A barcha deverá corresponder a uma barca, mas de maior porte. Consoante o tipo teria entre 10 a 20 metros de comprimento e 2,5 a 3,5 metros de boca. Usada em viagens mais distantes tinha uma coberta. De um só mastro com cesto da gávea envergava
uma vela quadrangular. Rapidamente se viu a conveniência em usar velas latinas que eram alternadas com o pano redondo conforme os ventos. A tripulação era composta de 8 a 20 homens.

Gil Eanes dobrou em 1434 o Cabo Bojador numa barcha, ou barca.

                                                              Barinel



Barinel
O Barinel parece ter origem no Mediterrâneo onde era largamente utilizado. Tinha maior porte que as barchas, com a proa alterosa a atirar para nau, toda recurvada e, como
a caravela, de popa redonda. Calava mais que as barchas. Com um ou dois mastros, tinha no maior mastro um cesto da gávea. Parece que além do habitual pano redondo podia mudar para latino. Armava ainda remos para tempo sem vento ou aproximação a terra.
Foi usado em viagens de exploração ao longo da costa africana, mas a sua dificuldade na torna-viagem, devido ao seu pano redondo, fez com que fosse substituído pela caravela de pano latino.

                                                             Caravela

                                 Constituição da caravela portuguesa
Durante o séc. XV foi o barco ideal para as explorações do Atlântico e costa africana. O regime de correntes e ventos contrários obrigou ao desenvolvimento de um barco que bolinasse com mais eficácia e que calasse pouco para se aventurar nas explorações costeiras. Assim nasce a caravela que desde 1441 até à data da passagem do Cabo das Tormentas ou Boa Esperança tem o seu apogeu.
Tinha uma coberta e um castelo de popa. Envergava nos mastros pano latino decrescendo de tamanho da proa para a popa. Não tinham cesto da gávea já que a manobra de mudar as vergas com este tipo de pano não o permitia. A tripulação variava entre os 6 e 100 homens consoante o tipo de barco e a duração da viagem.

                                                                            Nau

   
                            
Depois da ida de Vasco da Gama à Índia as viagens já não eram de exploração e eram naturalmente mais longas. Por isso os navios tinham de ir melhor artilhados e sobretudo o espaço para a carga começava a desempenhar um papel fundamental. Nasce assim a nau que desde o séc. XVI até ao séc. XIX foi de 100/200 toneis até ultrapassar os 900 e mais.

No séc. XVI a nau tinha duas cobertas. A primeira, corrida de vante à ré, abrigava o porão de carga, os toneis da aguada, os paióis de mantimentos, cabo, pano, e munições. A segunda à proa constituía o pavimento do castelo de proa e à ré a tolda do capitão. Tinha três mastros e cestos da gávea nos dois de vante. Aparelhava pano redondo nos mastros da frente e latino no de mezena para ajudar a orça do barco. A tripulação ia de 25 a 30 homens.
Uma das mais célebres terá sido a S.Gabriel pela façanha da descoberta do caminho marítimo para a Índia.

                                                                        Carraca

                                       
Imagem de uma Carraca Portuguesa

Era um tipo de navio utilizado no transporte de mercadorias referenciado em documentos dos séculos XV e XVI, criado pelos Portugueses especificamente para as viagens oceânicas nas quais as embarcações até então usadas, se mostravam incapazes, dado as grandes quantidades de carga que vinham da Índia e dos países no seu caminho.


As carracas eram navios de velas redondas e borda alta, e possuíam três mastros. Os primeiros exemplares tinham uma capacidade
de 200 a 600 toneladas, mas na época em que os portugueses as utilizaram na carreira da Índia atingiu valores de 2000 toneladas.


Barcos negreiros

Não se pode deixar para trás a existência destes navios, que ao longo de séculos, transportaram milhões de escravos de toda a África para Portugal, Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Brasil, (espalhando-se depois por todo o continente americano, com a entrada dos ingleses no comércio escravo), passando por vários entrepostos portugueses, espalhados ao longo de toda a costa ocidental da África. Um período negro da nossa história e da História da Humanidade!


O interior de um navio negreiro.

A história dos navios negreiros é comovente.Homens, mulheres e crianças eram transportados amontoados em compartimentos minúsculos dos navios. Sem a menor preocupação com a condição dos negros, Os responsáveis pelos navios negreiros amontoavam negros acorrentados como animais em seus porões que muitas vezes advinham de diferentes lugares do continente africano, causando o encontro de várias etnias e que por vezes eram também inimigas. 


A figura acima, deixa uma ligeira ideia das condições verdadeiramente desumanas no transporte de escravos. Amplie para ver.


Obrigados a entrar para os porões fétidos, muitos morriam antes da chegada


Os que morriam com o sofrimento e a doença, eram atirados pela borda fora.


Negros cativos, sendo transportados para o navio negreiro


Caravana de escravos a caminho do litoral africano


ESCRAVOS IMPORTADOS PARA O BRASIL
                           
                                                Século XVI ...........   30.000
                                                     "     XVII ..........   500.00
                                                     "     XVIII ......   1.700.00
                                                     "     XIX .........   1.350.00
                                                  TOTAL ............   3.580.00

Estes números, sem deixar de ser impressionantes, devem ser considerados baixos,  face aos estudos efectuados nos últimos anos.
Uma comparação pode ser feita com o quadro seguinte, que indica o tráfico levado a cabo pelos portugueses (e brasileiros após a independência) e que inclui portanto escravatura com destino às colónias espanholas.
  

IMPORTAÇÕES feitas por Portugueses (1451-1870) e brasileiros (após 1822)

Estima-se que durante este período tenham sido levados para o Brasil 4.190.000 de escravos, números apontados por baixo.

Informações tiradas do sítio:http://arlindo-correia.com/200507.html, a quem agradeço a liberdade tomada.




















                                                 

3 comentários:

  1. foi uma epoca muito brutal ! Contudo tudo se passou e chegou a civilizacao á nossa cultura !
    Neste momento vivesse uma ivasao da Africa para a Europa isso preocupa-me bastante.
    Doencas novas, culturas diferentes, indisponibilidade e rebelia para se adaptarem ...etc..etc...

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